Os Traidores de uma Era

“Nas sombras em que nascemos, todos podem esvanecer…”

— Gallehad, necro-pesquisador troll.

Quando o mundo ainda era vivo e a sombra de Mephisto não havia recaído sobre todos, existiu um povo que ousou desafiar os deuses, apoderando-se da centelha da vida dos arcanjos para tornarem-se assim imortais. Tal intento foi descoberto pelos elfos antigos que alertaram as divindades, mas era tarde demais.  Como punição pelo crime, toda a raça tornou-se estéril e foi expurgada para as profundezas onde permaneceram por vários séculos. Na escuridão, passaram a ser conhecidos como trolls.

Humanoides altos com média de 1,90 de altura, são em geral magros e esguios. A pele varia do branco ao negro, passando por todas as tonalidades de cinza. Os cabelos dos machos costumam ser brancos ou grisalhos, com aspecto de palha e mantidos muito longos. Nas fêmas, o negro e o vermelho são tons mais comuns, ainda que existam variações de púrpura, lilás e azul. Possuem ainda longas orelhas que lhes garantem um sentido de audição semelhante ao dos morcegos e costumam usar pinturas rituais no rosto ou nos corpos.

Trolls enxergam apenas parcialmente na escuridão total, mas esta deficiência é suprimida pelo sentido de sonar. Têm dificuldades de ver a luz do dia, quando as imagens se tornam destoadas e “coloridas demais” para eles. Raramente, apresentam asas translúcidas ligadas aos membros superiores ou olhos grandes e vermelhos.  Os mais antigos da raça possuem a anatomia muito próxima aos quirópteros – resquício da maldição ao qual foram infligidos.

Troll (0 ou 1 ponto)

Audição Privilegiada. Trolls não enxergam bem em plena luz do dia, apesar de não terem problemas no escuro graças ao apurado sentido de audição, semelhante ao sonar dos morcegos.  Recebem Sentidos Especiais – Radar e Audição Aguçada.

Herança maldita. Todo troll carrega uma Maldição: ele é incapaz de recuperar pontos de vida com descanso, dependendo de uma habilidade inata idêntica a magia Roubo de Vida para tanto (Manual 3D&T Alpha, pág. 110). Além disso, a raça dos trolls é naturalmente ligada ao caminho das trevas. Todos possuem Má Fama, mas para eles o custo da Escola de Magia Negra é de apenas um ponto.

Aparência Assustadora. Trolls assemelham-se a morcegos grandes, magros e esguios. Alguns deles, pertencentes à determinados clãs realmente antigos, ainda possuem asas membranosas e finas. Caso escolha ser um destes, o custo total da vantagem é acrescido de 1 ponto, recebendo H+1, e a vantagem Voo em conjunto com a desvantagem Monstruoso.

A Cultura e a Sociedade dos Trolls

Seres que nutrem o ódio contra tudo aquilo que vive sob a luz, os trolls passaram séculos aguardando pelo dia em que poderiam se vingar daqueles que consideram responsáveis pela própria desgraça: no caso, todas as outras criaturas de Gandara. E este dia chegou com a invasão do Grande Corruptor. Aliando-se ao demônio, puderam executar planos de matança há muito acalentados, integrando os exércitos demoníacos durante o fim do mundo. Com o término da guerra, contudo, foram descartados como lixo.

Muitos deles ainda guardam o mesmo ódio assassino nos corações e os poucos que não deram às costas aos cultos secretos em honra a Mephisto vivem nas sombras das grandes cidades, agindo no submundo do crime em todas as esferas. Contudo, é cada vez mais comum que trolls abandonem tais lugares (e até mesmo tais preceitos) para vagar por Gandara em busca de algum objetivo maior que ainda é mantido em segredo por eles.

Um troll não tolera quase qualquer coisa além de si mesmo ou dos interesses do grupo ao qual pertence (chamado por eles de bando). Não precisam escolher entre a própria vida ou a de um companheiro, pois a escolha óbvia torna desnecessária qualquer reflexão maior. Entretanto, nem sempre isto se aplica aos outros membros do bando com os quais inevitavelmente acaba criando certos laços. Frágeis, é verdade, mas vamos lá, ainda é melhor do que nada…

Trolls sempre relutam muito em salvar vidas — mesmo de outros trolls — exceto se a própria sobrevivência ou a do bando depender disto de alguma forma. Ainda, desde que foram amaldiçoados, toda a raça tornou-se estéril. Tal golpe forçou-lhes a buscar uma alternativa para a sobrevivência futura da espécie. Ainda que jamais tenha sido comprovado de fato, muitas histórias contam que trolls roubam crianças de outras raças e os levam até as profundezas, onde as modificam através de magia negra para transforma-las em novos trolls.

Os otimistas pregam que uma vez superado este entrave, os trolls irão terminar de destruir o que restou do mundo enquanto os pragmáticos têm plena consciência de que não há muito mais para destruir. Estes afirmam que os atuais planos da raça troll estão a um passo além de tudo isto. Em ambos os casos, isto não torna um troll uma companhia confiável, ou sequer desejável para quem quer que seja.

O atual reduto dos trolls já foi em outrora um dos principais portais de entrada para o reino subterrâneo deles, mas hoje é considerado apenas um bairro menor da megalópole de Bretor. Aracnes fica sob a Cidade-Alta e jamais recebe a luz do dia. Esta precária sociedade trollica se mantém equilibrada de maneira tênue de forma praticamente anárquica, onde pequenos bandos coexistem de acordo com regras e leis arbitrárias, definidas por eles.

Toda Aracnes se mantém através deste conceito de que o melhor é não se meter diretamente no assunto dos outros. Por estes e outros motivos, trolls não se dão bem com nenhum outro povo, exceto talvez pelos anões devido aos séculos que conviveram sob a terra. Em outros reinos a presença desta espécie é tão esparsa que não chega a ser digna de nota.